quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Uma democracia verdadeira respeita a diversidade

Divulgação
Um dos maiores entraves ao desenvolvimento das práticas democráticas é o ato de se desconsiderar a diversidade sócio-cultural dentro de uma nação. Este entrave faz parte da história das grandes nações do mundo e levou muitos estudiosos da política a escreverem sobre este tema. Alexis de Tocqueville[1], em seus apontamentos sobre a constituição da democracia na América, dizia estar ela associada a um processo igualitário que não poderia, de forma alguma, ser suprimido. Tocqueville afirmava que o referido processo incluiria em sua dinâmica a diversidade social que cada Estado possuía em seu seio e também as suas variações culturais[2]. Este pensamento, assim como o de outros pensadores, ajudou na constituição da democracia norte-americana.

O peso da afirmação de Tocqueville é importante para que seja ressaltada a necessidade da tomada de consciência política por parte da população brasileira. Sem entrar nas problemáticas do pensamento do autor, assim como nos desfechos e contradições que o mesmo teve na América do Norte, é de suma importância que nossas organizações sociais se apeguem ao eixo deste pensamento: uma sociedade realmente democrática só existirá se houver reconhecimento de sua diversidade.

Quando os grupos sociais, aqui existentes, tomarem para si o compromisso de se organizarem em comunidade, e ali evocarem conjuntamente suas lutas e explicitarem suas demandas, os entraves à participação popular começarão a ruir e levarão consigo gestores e legisladores; aqueles que se opõem ao desenvolvimento da democracia.

A globalização, nos moldes neoliberais, deu acesso aos seus benefícios à apenas uma minoria mundial. No Brasil, faz-se urgente (mesmo com avanços significativos) empreender melhorias no trato com a diversidade. É inconcebível que, em uma nação com mais de cento e noventa milhões de habitantes, ainda haja exclusão por aspectos sócio-culturais.  

Uma nação onde ainda apresenta grupos sociais que não se reconhecem como cidadãos, falha enquanto nação democrática. A nação é “mãe” e como mãe não pode segregar nenhum de seus filhos; ela deve trazê-los em seu regaço, promovê-los e edifica-los, para usufruírem dos bens que ela tem. Para tal, não bastam apenas políticas compensatórias, é necessário avançar e integrar desenvolvimento educacional e sócio-econômico com a criação de economias solidárias; partilha justa e a exterminação das setorizações políticas que prejudicam regiões inteiras.

Por fim, a democracia pensada na perspectiva de uma “Nova Sociedade” não pode conter entraves ao seu desenvolvimento. Um país democrático respeita a diversidade existente em seu interior e faz dela a força edificante de suas realizações.

Texto: Alisson Ferreira

[1] Alexis de Tocqueville foi um dos observadores mais argutos do fenómeno democrático e um dos críticos mais subtis da tradição política francesa - que contrastou com a inglesa e a americana.
[2] O processo compreenderia a sociedade americana e sua diversidade étnico-cultural: brancos, índios e negros.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"Lula é o verdadeiro introdutor da democracia no Brasil"

Eric Hobsbawn:


"Lula é o verdadeiro introdutor da democracia no Brasil. No Brasil há muitos pobres e ninguém jamais fez tantas coisas por eles"

"Com liberdade total para o mercado, quem atende aos pobres?"

Em entrevista publicada no jornal Página 12, o historiador britânico Eric Hobsbawm (foto) fala da crise atual e de suas possíveis implicações políticas. Para ele, o mundo está entrando em um período de depressão e os grandes riscos, diante da fragilidade da esquerda mundial, são o crescimento da xenofobia e da extrema-direita. Hobsbawm destaca o que está acontecendo na América Latina e elogia o presidente brasileiro. "É o verdadeiro introdutor da democracia no Brasil. No Brasil há muitos pobres e ninguém jamais fez tantas coisas concretas por eles".
*  Por Martin Granovsky - Página12

Em junho ele completa 92 anos. Lúcido e ativo, o historiador que escreveu "Rebeldes Primitivos", "A Era da Revolução" e a "História do Século XX", entre outros livros, aceitou falar de sua própria vida, da crise de 30, do fascismo e do antifascismo e da crise atual. Segundo ele, uma crise da economia do fundamentalismo de mercado é o que a queda do Muro de Berlim foi para a lógica soviética do socialismo.

Hobsbawm aparece na porta da embaixada da Alemanha, em Londres. São pouco mais de três da tarde na bela Belgrave Square e se enxergam as bandeiras das embaixadas por trás das copas das árvores. De óculos, chapéu na cabeça e um casaco muito pesado, cumprimenta. Tem mãos grandes e ossudas, mas não parecem as mãos de um velho. Nenhuma deformação de artrite as atacou. Rapidamente uma pequena prova demonstra que as pernas de Hobsbawm também estão em boa forma. Com agilidade desce três degraus que levam do corrimão a calçada. Parece enxergar bem. Tem uma bengala na mão direita. Não se apóia nela, mas talvez a use como segurança, em caso de tropeçar, ou como um sensor de alerta rápido que detecta degraus, poças e, de imediato, o meio-fio da calçada. Hobsbawm é alto e magro. Uns oitenta e bicos. Não pede ajuda. O motorista do Foreign Office lhe abre a porta esquerda do jaguar preto. Entra no carro com facilidade. O carro é grande, por sorte, e cabe, mas a viagem é curta.

- Acabo de me encontrar com um historiador alemão, por isso estou na embaixada, e devo voltar – avisa. Ele chegou de visita a Londres e quis conversar com alguns de nós. Sei que vamos a Canning House. Está bem. Poucas voltas, não?

O carro dá meia volta na Belgrave Square e pára na frente de outro palacete branco de três andares, com uma varanda rodeada de colunas e a porta de madeira pesada. Por algum motivo mágico o motorista de cabelos brancos com uma mecha sobre o rosto, traje azul e sorridente como um ajudante do inspetor Morse de Oxford, já abre a porta a Hobsbawm. Entre essas construções tão parecidas, a elegância do Jaguar o assemelha a uma carruagem recém polida. O motorista sorri quando Hobsbawm desce. O professor lhe devolve a simpatia enquanto sobe com facilidade num hall obscuro. Já entrou em Canning House e à direita vê uma enorme imagem de José de San Martin. À esquerda do corredor, uma grande sala. O chá está servido. Quer dizer, o chá, os pães e uma torta. Outro quadro do mesmo tamanho que o de San Martin. É Simon Bolívar. E também é Bolívar o cavalheiro do busto sobre o aparador.

Quanto chá tomaram Bolívar e San Martin antes de saírem de Londres para a América do Sul, em princípios do século XIX, para cumprir seus planos de independência?

Hobsbawm pega a primeira taça e quer ser quem faz a primeira pergunta.

- Como está a Argentina? - interroga mas não muito, porque não espera e comenta – No ano passado Cristina esteve para vir a Londres para uma reunião de presidentes progressistas e pediu para me ver. Eu disse sim, mas ela não veio. Não foi sua culpa. Estava no meio do confronto com a Sociedade Rural.

Hobsbawm fala um inglês sem afetação nem os trejeitos de alguns acadêmicos do Reino Unido. Mas acaba de pronunciar “Sociedade Rural” em castellhano.

- O que aconteceu com esse conflito?

Durante a explicação, o professor inclina a cabeça, mais curioso que antes, enquanto com a mão direita seu garfo tenta cortar a torta de maçã. É uma tarefa difícil. Então se desconcentra da torta e fixa o olhar esperando, agora sim, alguma pergunta.

- O mundo está complicado – afirma ainda mantendo a iniciativa. Não quero cair em slogans, mas é indubitável que o Consenso de Washington morreu. A desregulação selvagem já não é somente má: é impossível. Há que se reorganizar o sistema financeiro internacional. Minha esperança é que os líderes do mundo se dêem conta de que não se pode renegociar a situação para voltar atrás, senão que há que se redesenhar tudo em direção ao futuro.

A Argentina experimentou várias crises, a última forte em 2001. Em 2005 o presidente Néstor Kirchner, de acordo com o governo brasileiro, que também o fez, pagou ao FMI e desvinculou a Argentina do organismo para que o país não continuasse submetido a suas condicionalidades.

- É que a esta altura se necessita de um FMI absolutamente distinto, com outros princípios que não dependam apenas dos países mais desenvolvidos e em que uma ou duas pessoas tomam as decisões. É muito importante o que o Brasil e a Argentina estão propondo, para mudar o sistema atual. Como estão as relações de vocês?

- Muito bem

- Isso é muito importante. Mantenham-nas assim. As boas relações entre governos como os de vocês são muito importantes em meio a uma crise que também implica riscos políticos. Para os padrões estadunidenses, o país está girando à esquerda e não à extrema direita. Isso também é bom. A Grande Depressão levou politicamente o mundo para a extrema direita em quase todo o planeta, com exceção dos países escandinavos e dos Estados Unidos de Roosevelt. Inclusive o Reino Unido chegou a ter membros do Parlamento que eram de extrema direita [e começa a entrevista propriamente].

- E que alternativa aparece?

- Não sei. Sabe qual é o drama? O giro à direita teve onde se apoiar: nos conservadores. O giro à esquerda também teve em quem descansar: nos trabalhistas.

- Os trabalhistas governam o Reino Unido.

- Sim, mas eu gostaria de considerar um quadro mais geral. Já não existe esquerda tal como era.

- Isso lhe é estranho?
- Faço apenas o registro.
- A quê se refere quando diz “a esquerda tal como era”?

- Às distintas variantes da esquerda clássica. Aos comunistas, naturalmente. E aos socialdemocratas. Mas, sabe o que acontece? Todas as variantes da esquerda precisam do Estado. E durante décadas de giro à direita conservadora, o controle do Estado se tornou impossível.

- Por que?

- Muito simples. Como você controla o estado em condições de globalização? Convém recordar que, em princípios dos anos 80 não só triunfaram Ronald Reagan e Margareth Thatcher. Na França, François Miterrand não obteve uma vitória.

- Havia vencido para a presidência dem 1974 e repetiu a vitória em 1981.

- Sim. Mas quando tentou uma unidade das esquerdas para nacionalizar um setor maior da economia, não teve poder suficiente para fazê-lo. Fracassou completamente. A esquerda e os partidos socialdemocratas se retiraram de cena, derrotados, convencidos de que nada se podia fazer. E, então, não só na França como em todo mundo ficou claro que o único modelo que se podia impor com poder real era o capitalismo absolutamente livre.

- Livre, sim. Por que diz “absolutamente”?

- Porque com liberdade absoluta para o mercado, quem atende aos pobres? Essa política, ou a política da não-política, é a que se desenvolveu com Margareth Thatcher e Ronald Reagan. E funcionou – dentro de sua lógica, claro, que não compartilho – até a crise que começou em 2008. Frente à situação anterior a esquerda não tinha alternativa. E frente a esta? Prestemos atenção, por exemplo, à esquerda mais clássica da Europa. É muito débil na Europa. Ou está fragmentada. Ou desapareceu. A Refundação Comunista na Itália é débil e os outros ramos do ex Partido Comunista Italiano estão muito mal. A Esquerda Unida na Espanha também está descendo ladeira abaixo. Algo permaneceu na Alemanha. Algo na França, como Partido Comunista. Nem essas forças, nem menos ainda a extrema esquerda, como os trotskistas, e nem sequer uma socialdemocracia como a que descrevi antes alcançam uma resposta a esta crise a seus perigos, contudo. A mesma debilidade da esquerda aumenta os riscos.

- Que riscos?

- Em períodos de grande descontentamento como o que começamos a viver, o grande perigo é a xenofobia, que alimentará e será por sua vez alimentada pela extrema direita. E quem essa extrema direita buscará? Buscará atrair os “estúpidos” cidadãos que se preocupam com seu trabalho e têm medo de perdê-lo. E digo estúpidos ironicamente, quero deixar claro. Porque aí reside outro fracasso evidente do fundamentalismo de mercado. Deu liberdade para todos, e a verdadeira liberdade de trabalho? A de mudá-lo e melhorar em todos os aspectos? Essa liberdade não foi respeitada porque, para o fundamentalismo de mercado isso tinha se tornado intolerável. Também teriam sido politicamente intoleráveis a liberdade absoluta e a desregulação absoluta em matéria laboral, ao menos na Europa. Eu temo uma era de depressão.

- Você ainda tem dúvidas de que entraremos em depressão?

- Se você quiser posso falar tecnicamente, como os economistas, e quantificar trimestres. Mas isso não é necessário. Que outra palavra pode se usar para denominar um tempo em que muito velozmente milhões de pessoas perdem seu emprego? De qualquer maneira, até o momento no vejo um cenário de uma extrema direita ganhando maioria em eleições, como ocorreu em 1933, quando a Alemanha elegeu Adolf Hitler. É paradoxal, mas com um mundo muito globalizado um fator impedirá a imigração, que por sua vez aparece como a desculpa para a xenofobia e para o giro à extrema direita. E esse fator é que as pessoas emigrarão menos – falo em termos de emigração em massa – ao verem que nos países desenvolvidos a crise é tão grave. Voltando à xenofobia, o problema é que, ainda que a extrema direita não ganhe, poderia ser muito importante na fixação da agenda pública de temas e terminaria por imprimir uma face muito feia na política.

- Deixemos de lado a economia, por um momento. Pensando em política, o que diminuiria o risco da xenofobia?

- Me parece bem, vamos à prática. O perigo diminuiria com governos que gozem de confiança política suficiente por parte do povo em virtude de sua capacidade de restaurar o bem-estar econômico. As pessoas devem ver os políticos como gente capaz de garantir a democracia, os direitos individuais e ao mesmo tempo coordenar planos eficazes para se sair da crise. Agora que falamos deste tema, sabe que vejo os países da América Latina surpreendentemente imunes à xenofobia?

- Por que?
- Eu lhe pergunto se é assim. É assim?

- É possível. Não diria que são imunes, se pensamos, por exemplo, no tratamento racista de um setor da Bolívia frente a Evo Morales, mas ao menos nos últimos 25 anos de democracia, para tomar a idade da democracia argentina, a xenofobia e o racismo nunca foram massivos nem nutriram partidos de extrema direita, que são muito pequenos. Nem sequer com a crise de 2001, que culminou o processo de destruição de milhões de empregos, apesar de que a imigração boliviana já era muito importante em número. Agora, não falamos dos cantos das torcidas de futebol, não é?

- Não, eu penso em termos massivos.

- Então as coisas parecem ser como você pensa professor. E, como em outros lugares do mundo, o pensamento da extrema direita aparece, por exemplo, com a crispação sobre a segurança e a insegurança das ruas.

- Sim, a América Latina é interessante. Tenho essa intuição. Pense num país maior, o Brasil. Lula manteve algumas idéias de estabilidade econômica de Fernando Henrique Cardoso, mas ampliou enormemente os serviços sociais e a distribuição. Alguns dizem que não é suficiente...

- E você, o que diz?

- Que não é suficiente. Mas que Lula fez, fez. E é muito significativo. Lula é o verdadeiro introdutor da democracia no Brasil. E ninguém o havia feito nunca na história desse país. Por isso hoje tem 70% de popularidade, apesar dos problemas prévios às últimas eleições. Porque no Brasil há muitos pobres e ninguém jamais fez tantas coisas concretas por eles, desenvolvendo ao mesmo tempo a indústria e a exportação de produtos manufaturados. A desigualdade ainda assim segue sendo horrorosa. Mas ainda faltam muitos anos para mudar as cosias. Muitos.

- E você pensa que serão de anos de depressão mundial

- Sim. Lamento dizê-lo, mas apostaria que haverá depressão e que durará alguns anos. Estamos entrando em depressão. Sabem como se pode dar conta disso? Falando com gente de negócios. Bom, eles estão mais deprimidos que os economistas e os políticos. E, por sua vez, esta depressão é uma grande mudança para a economia capitalista global.

- Por que está tão seguro desse diagnóstico?

- Porque não há volta atrás para o mercado absoluto que regeu os últimos 40 anos, desde a década de 70. Já não é mais uma questão de ciclos. O sistema deve ser reestruturado.

- Posso lhe perguntar de novo por que está tão seguro?

- Porque esse modelo não é apenas injusto: agora é impossível. As noções básicas segundo as quais as políticas públicas deviam ser abandonadas, agora estão sendo deixadas de lado. Pense no que fazem e às vezes dizem, dirigentes importantes de países desenvolvidos. Estão querendo reestruturar as economias para sair da crise. Não estou elogiando. Estou descrevendo um fenômeno. E esse fenômeno tem um elemento central: ninguém mais se anima a pensar que o Estado pode não ser necessário ao desenvolvimento econômico. Ninguém mais diz que bastará deixar que o mercado flua, com sua liberdade total. Não vê que o sistema financeiro internacional já nem funciona mais? Num sentido, essa crise é pior do que a de 1929-1933, porque é absolutamente global. Nem os bancos funcionam.

- Onde você vivia nesse momento, no começo dos anos 30?

- Nada menos que em Viena e Berlim. Era um menino. Que momento horroroso. Falemos de coisas melhores, como Franklin Delano Roosevelt.

- Numa entrevista para a BBC no começo da crise você o resgatou.

- Sim, e resgato os motivos políticos de Roosevelt. Na política ele aplicou o princípio do “Nunca mais”. Com tantos pobres, com tantos famintos nos Estados Unidos, nunca mais o mercado como fator exclusivo de obtenção de recursos. Por isso decidiu realizar sua política do pleno emprego. E desse modo não somente atenuou os efeitos sociais da crise como seus eventuais efeitos políticos de fascistização com base no medo massivo. O sistema de pleno emprego não modificou a raiz da sociedade, mas funcionou durante décadas. Funcionou razoavelmente bem nos Estados Unidos, funcionou na França, produziu a inclusão social de muita gente, baseou-se no bem-estar combinado com uma economia mista que teve resultados muito razoáveis no mundo do pós-Segunda Guerra. Alguns estados foram mais sistemáticos, como a França, que implantou o capitalismo dirigido, mas em geral as economias eram mistas e o Estado estava presente de um modo ou de outro. Poderemos fazê-lo de novo? Não sei. O que sei é que a solução não estará só na tecnologia e no desenvolvimento econômico. Roosevelt levou em conta o custo humano da situação de crise.

- Quer dizer que para você as sociedades não se suicidam.

(Pensa) – Não deliberadamente. Sim, podem ir cometendo erros que as levam a catástrofes terríveis. Ou ao desastre. Com que razoabilidade, durante esses anos, se podia acreditar que o crescimento com tamanho nível de uma bolha seria ilimitado? Cedo ou tarde isso terminaria e algo deveria ser feito.

- De maneira que não haverá catástrofe.

- Não me interessam as previsões. Observe, se acontece, acontece. Mas se há algo que se possa fazer, façamos-no. Não se pode perdoar alguém por não ter feito nada. Pelo menos uma tentativa. O desastre sobrevirá se permanecermos quietos. A sociedade não pode basear-se numa concepção automática dos processos políticos. Minha geração não ficou quieta nos anos 30 nem nos 40. Na Inglaterra eu cresci, participei ativamente da política, fui acadêmico estudando em Cambridge. E todos éramos muito politizados. A Guerra Civil espanhola nos tocou muito. Por isso fomos firmemente antifascistas.

- Tocou a esquerda de todo o mundo. Também na América Latina

- Claro, foi um tema muito forte para todos. E nós, em Cambridge, víamos que os governos não faziam nada para defender a República. Por isso reagimos contra as velhas gerações e os governos que as representavam. Anos depois entendi a lógica de por quê o governo do Reino Unido, onde nós estávamos, não fez nada contra Francisco Franco. Já tinha a lucidez de se saber um império em decadência e tinha consciência de sua debilidade. A Espanha funcionou como uma distração. E os governos não deviam tê-la tomado assim. Equivocaram-se. O levante contra a República foi um dos feitos mais importantes do século XX. Logo depois, na Segunda Guerra...

- Pouco depois, não? Porque o fim da Guerra Civil Espanhola e a invasão alemã da Tchecoslováquia ocorreu no mesmo ano.

- É verdade. Dizia-lhe que logo depois o liberalismo e o comunismo tiveram uma causa comum. Se deram conta de que, assim não fosse, eram débeis frente ao nazismo. E no caso da América Latina o modelo de Franco influenciou mais que o de Benito Mussolini, com suas idéias conspiratórias da sinarquia, por exemplo. Não tome isso como uma desculpa para Mussolini, por favor. O fascismo europeu em geral é uma ideologia inaceitável, oposta a valores universais.

- Você fala da América Latina...

- Mas não me pergunte da Argentina. Não sei o suficiente de seu país. Todos me perguntam do peronismo. Para mim está claro que não pode ser tomado como um movimento de extrema direita. Foi um movimento popular que organizou os trabalhadores e isso talvez explique sua permanência no tempo. Nem os socialistas nem os comunistas puderam estabelecer uma base forte no movimento sindical. Sei das crises que a Argentina sofreu e sei algo de sua história, do peso da classe média, de sua sociedade avançada culturalmente dentro da América Latina, fenômeno que creio ainda se mantém. Sei da idade de ouro dos anos 20 e sei dos exemplos obscenos de desigualdade comuns a toda a América Latina.

- Você sempre se definiu com um homem de esquerda. Também segue tendo confiança nela?

- Sigo na esquerda, sem dúvida com mais interesse em Marx do que em Lênin. Porque sejamos sinceros, o socialismo soviético fracassou. Foi uma forma extrema de aplicar a lógica do socialismo, assimo como o fundamentalismo de mercado foi uma forma extrema de aplicação da lógica do liberalismo econômico. E também fracassou. A crise global que começou no ano passado é, para a economia de mercado, equivalente ao que foi a queda do Muro de Berlim em 1989. Por isso Marx segue me interessando. Como o capitalismo segue existindo, a análise marxista ainda é uma boa ferramenta para analisá-lo. Ao mesmo tempo, está claro que não só não é possível como não é desejável uma economia socialista sem mercado nem uma economia em geral sem Estado.

- Por que não?

- Se se mira a história e o presente, não há dúvida alguma de que os problemas principais, sobretudo no meio de uma crise profunda, devem e podem ser solucionados pela ação política. O mercado não tem condições de fazê-lo.

(*) Martin Granovsky é analista internacional e presidente da agência de notícias Télam.

Publicado no jornal Página 12, em 29 de março de 2009

Tradução: Katarina Peixoto

Contribuição: Fabrício Terreza - FUNEDI-UEMG




domingo, 16 de janeiro de 2011

Uma cidade sem memória. Uma cidade sem história



Divulgação: Divinópolis década de 1980
 
A história da formação dos bairros é marcada por uma profunda evocação à memória. Pela memória da comunidade o passado se incorpora à vida presente, e os seus elementos materiais que também compõe o cotidiano das comunidades são também suportes de evocações coletivas. Quando estamos fixados ao lugar de origem, ou mesmo ao lugar a qual adotamos como “nosso”, somos levados a atribuir um significado ao mesmo, enxergar um algo mais para ele, e é a permanência nele que marca nossa trajetória como agentes históricos locais e assim também, atribuímos significados à esta permanência.

Um bairro possui pedaços, fragmentos de história que compõe a história da cidade. Os bairros são depositário de culturas que se entrelaçaram no decorrer de sua existência. Divinópolis viveu momentos de intensa ruralização de sua economia e também o apogeu da mesma advinda da industrialização. Estes momentos foram impressos no seio de seus bairros diante de um processo desenvolvimentista que cobriu o país nas décadas de 50 e 60.  Neste sentido, uma parte de sua história se encontra dentro dos registros oficiais (lugares construídos e destruídos, atos, festas e nomes) e uma outra, está fora da mesma, está dentro de nós.

Divinópolis não preserva a história de seus bairros e, por conseguinte a história de seu povo. Não se vê políticas de preservação da memória e dos patrimônios construídos e naturais. É nítida a apatia governamental em Divinópolis quanto à preservação de sua história. Aqui se encontra o culto da indiferença, o hábito cruel de alguns governantes e até cidadãos comuns que perderam o sentido de comunidade. O consumo é a locomotiva do progresso que faz da cidade um lugar passageiro, onde tudo pode ser destruído e construído a qualquer momento, as histórias são substituídas por outras sem perspectiva de futuro.

Digo que, se o passado é preservado é porque ele tem sempre algo a dizer para situar e apontar para o presente. É importante dizer que, uma cidade não é feita somente do desenho de ruas e arquiteturas, ela é feita também de sonhos, segredos, interpretações do vivido e ações subjetivas que vão compondo todo o seu corpo estrutural. Bairros, praças, ruas, edificações, monumentos e até mesmo os nomes dados a eles, documentam a vida de uma cidade. A memória de uma cidade é também a memória de seus habitantes. Não se pode imaginar algo novo para o presente se não conseguimos evocar as lembranças de nossas comunidades e assim dizendo, sem a memória o novo seria nada, sem ela não se pode recorrer à história.

A memória de um indivíduo ou de uma cidade está na base da formulação de uma identidade, que a continuidade encarrega de perpetuar. Lefebvre dizia que a forma do urbano, sua razão suprema, a saber, a simultaneidade e o encontro, não podem desaparecer, devem se perpetuar. Neste sentido, é importante uma mudança de atitude quanto ao trato para com os nossos patrimônios materiais e imateriais. Devemos ligar nossas ações ao que a história nos conta através da memória, para que ela não fique reduzida a alguns fatos ou ações escolhidas por interesses políticos ou de dominação e para que as ações nem sempre preservacionistas dos governos não privem outras gerações de conhecerem a história de sua comunidade e, assim, a de sua cidade.

Divinópolis já iniciou os preparativos de seu centenário que acontecerá em primeiro de junho de 2012, porém, estamos longe de comemorar esta data em sua plenitude. Em uma festa de aniversário celebra-se a vida, constroem-se planos, projetos e empreende-se cada vez mais a humanização de nossas relações com o presente e o passado. É na relação do nosso presente com o passado que se formam o caráter e a nossa dimensão humana. Estamos engatinhando na construção desta consciência, porém, podemos começar a acelerar nossos passos se dermos a Divinópolis, hoje, e não em 2012 o maior presente que ela possa ganhar: a educação de seus filhos quanto à preservação de sua história.

A história de nossos bairros recolhe os fragmentos de cada um de nós e tece nos cabelos do tempo a imortalidade do nosso viver que se esconde em nossas obras concretas e abstratas, se esconde em nossa memória. Assim, a história urbana pode estar preservada em construções antigas, ruas, praças e bem como na memória coletiva de uma comunidade. Vejo que Divinópolis está fadada ao esvaziamento de sua história se não guardar a memória de seu povo.

É preservando a memória dos bairros; valorizando as ações e as diversidades culturais dentro dos mesmos, educando nossas crianças e jovens, que iremos festejar em 2012, uma bonita e conscientizada história de Divinópolis. 


[1] Adaptado do texto integrante da Monografia “Bairro Interlagos: Industrialização, Urbanização e Ônus Ambiental”, apresentada por Alisson Ferreira à banca do curso de História, em dezembro de 2005.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Entrevista Luiza Bairros: Socióloga deixou uma “cidade de brancos”, para viver na negra Salvador

Para ministra, governo feminino entende melhor a dor das pessoas

A nova ministra da Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, é gaúcha, mas teve todo o seu histórico de militância negra e feminista construído na Bahia, estado onde ganhou a Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), em agosto de 2008.
Conhecida do movimento negro, sua indicação para assumir o Ministério da Promoção da Igualdade Racial foi muito comemorada pela comunidade afrodescendente baiana.
Luiza é pós-graduada em Sociologia e mestre em Ciências Sociais, com vários livros publicados sobre as lutas dos negros e das mulheres. A ministra falou com exclusividade ao CORREIO do significado da eleição de Dilma e da indicação de nove ministras para a luta pela igualdade entre os gêneros, masculino e feminino.
Falando como socióloga, o que significa a eleição de Dilma e a nomeação de tantas mulheres para ocupar ministérios, para a luta pela igualdade de gêneros no Brasil?
Acho que a decisão de eleger uma mulher para presidente responde a uma bandeira histórica dos movimentos femininos pela paridade entre os sexos. Definir meta de 30% de mulheres na política foi um passo importante para a democracia, afinal, uma democracia sem mulheres não é  uma democracia.
E agora, qual será o próximo passo?
Precisamos avançar na aplicação da lei de 30% nas candidaturas dos partidos políticos. Não houve sanções para quem descumprisse. Também precisamos garantir o cumprimento do decreto que estabelece uma cota do fundo partidário para a formação política de mulheres. Os partidos ficaram à vontade para descumprir a lei.
A forma de governar feminina é diferente da masculina? Tem algum diferencial?
A gente espera que seja. Homens e mulheres são criados de formas diferentes, então a cultura influencia muito. Mas não temos como estabelecer limites. Não dá pra dizer que as mulheres são mais humanas, mas o lugar que tradicionalmente elas ocupam na sociedade as obriga a agir diferentemente do que se espera do homem.
Você acha que haverá mais cobrança da população, pelo fato de serem mulheres?
A possibilidade existe, mas há dois motivos diferentes. Temos o caso dos conservadores da sociedade, os machistas que podem dizer: “Tá vendo? Vocês não queriam assumir o poder? Agora mostrem que são capazes”. E tem também a expectativa de que as questões sejam tratadas de forma diferente, mais coerentes com as necessidades da população, já que elas sofrem mais do que os homens, pelo preconceito e pela falta de espaço na sociedade, e entendem melhor o sofrimento das pessoas.
Apesar de ser mulher, Dilma tem uma postura mais ‘durona’, o que é considerado pouco feminino por algumas pessoas. Você acha que isso ajudou ou atrapalhou a eleição dela? As pessoas tradicionalmente associam o lugar de poder ao homem. É como se a posição fosse ‘natural’ aos homens e ‘inadequada‘ às mulheres. E, quando uma mulher chega lá, ela tem que ser firme, ter opiniões, discutir e batalhar por elas. Por essa postura, muitas vezes a mulher é considerada pouco feminina. Esse negócio de brigar, de dar ordem, os homens fazem sempre, mas ninguém repara. É como se o poder tivesse que ser necessariamente masculino.
Que planos você tem para o ministério?
2011 foi considerado pela ONU o Ano Internacional do Afrodescendente. Pretendo aproveitar essa data propícia para propor, no governo federal, ações emblemáticas em prol dos negros.
No Rio Grande do Sul, você chegou a se graduar em Administração Pública. Já era um plano seguir a carreira política? Não, eu cheguei a fazer também Administração de Empresas. Queria trabalhar no serviço público, mas não necessariamente seguir uma carreira política.
E sua vinda para a Bahia? Teve algo a ver com o fato de o movimento negro ser forte aqui?
De certa forma sim. Eu fazia parte do movimento estudantil e vim a Salvador pela primeira vez participar de um encontro de estudantes de Administração. Chegando aqui eu percebi a predominância da população negra, além dos atrativos turísticos da cidade, e resolvi vir morar aqui. Ser negra numa sociedade majoritariamente negra, como Salvador, é bem diferente de ser negra numa sociedade de brancos em Porto Alegre.

Fonte: Correio da Bahia

Unegro reafirma apoio a Dilma e elogia escolha de Luiza Bairros

A União de Negros pela Igualdade (Unegro) divulgou nota reafirmando o apoio e a confiança da entidade no futuro governo da presidente eleita Dilma Rousseff. A entidade diz que "apesar de ainda persistir um quadro social desfavorável para a população negra, o Brasil está encontrando o caminho para a promoção da igualdade racial". Na nota, a Unegro também elogia a escolha da socióloga Luiza Helena de Bairros para comandar a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

Veja, abaixo, a íntegra da nota:
A União de Negros Pela Igualdade  –  Unegro declarou, em 18 de julho de 2010, o resultado da sua 4ª Plenária Nacional: apoio a “eleição de Dilma Rousseff como a primeira mulher presidenta da República para aprofundar o ciclo de mudanças iniciados nos dois mandatos da era Lula”. A entidade se envolveu na campanha eleitoral em todo País, deu contribuição positiva para o sucesso eleitoral de Dilma, somando-se aos movimentos sociais e as forças políticas que abriram a partir de 2003 um ciclo progressista virtuoso, inédito na história brasileira. A vitória de Dilma mantém estáveis os avanços conquistados pela esquerda na América Latina e contribui com o desenvolvimento dos povos em luta por paz, democracia e justiça social.

Mantemos firme nossa convicção que a Presidenta eleita tem fortes compromissos com o desenvolvimento econômico com soberania, equidade e distribuição de rendas; com o aprofundamento da democracia e com as políticas sociais iniciadas pelo governo Lula. Diante disso, a Unegro, salvaguardando sua autonomia e comprometida com a luta pela superação do racismo no Brasil, envidará esforços para que o Governo Dilma seja exitoso. Acreditamos na equipe de governo composta pela Presidenta da República que governará o país nos próximos quatro anos, corresponde ao projeto defendido durante a campanha eleitoral e honrará a confiança dos brasileiros depositada nas urnas.

A Unegro compreende que as conquistas econômicas, políticas e sociais dos últimos anos não foram suficientes para superar as desigualdades que pesam negativamente sobre a população negra. O racismo sobrevive de uma base material concreta, impõe desvantagem, injustiça e marginalidade. Sobre os negros incidem as mais altas taxas de desemprego, baixos salários e trabalhos insalubres, acumulam déficit no recebimento de educação, saúde e habitação, são maioria nas favelas e nas longínquas periferias das grandes cidades e metrópoles. De modo que participam de uma situação estrutural inferior aos brancos.

Apesar de ainda persistir um quadro social desfavorável para a população negra, o Brasil está encontrando o caminho para a promoção da igualdade racial. São grandes as tarefas para o próximo governo. Exigirá ainda mais força e vontade política, pois Dilma governará o Brasil com uma base parlamentar grande, mas diversa e heterogênea. No Congresso Nacional o resultado eleitoral é positivo para os avanços, o povo brasileiro puniu o conservadorismo, impondo uma fragorosa derrota às forças que militaram contra as propostas de igualdade racial, em especial ao Partido dos Democratas.

O Governo Lula diagnosticou a demanda, pactuou a política, instituiu instrumentos jurídicos e administrativos. Hoje, o desafio é dar efetividade a esse processo, fazendo as mudanças incidirem concretamente na qualidade de vida dos negros e negras brasileiras e na radiografia social do País. Para isso defendemos a implantação integral do Estatuto da Igualdade Racial; esforço do governo para a aprovação do PL 3.627/04, que institui o sistema Especial de Reserva de Vagas para estudantes egressos de escolas públicas, negros e indígenas nas instituições de ensino superior público; avanço na titulação e investimentos sociais nas terras de quilombos; medidas concretas para diminuir o alto número de mortes violentas de jovens negros n os grandes municípios de todo o Brasil; recurso para implantação da Lei 10. 639/2003; reestruturação da Secretaria de Políticas de Igualdade Racial – SEPPIR, capacitando-a física e institucionalmente para dar conta dos novos desafios que se avizinham. Consideramos extremamente importante a presidência exercida por uma mulher enfrentar os persistentes mecanismos que impõem às mulheres negras a base da pirâmide social brasileira.

Por fim, parabenizamos a escolha de Luiza Bairros para titular da SEPPIR, verificamos nela legitimidade e mérito para liderar um processo de aprofundamento e implantação objetiva das políticas de igualdade racial. Na qualidade de força social comprometida com a igualdade racial e com o combate ao racismo, trabalharemos para o fortalecimento, estabilidade e sucesso da SEPPIR, pois acreditamos que seja um importante instrumento e tem dado contribuições para emancipação da população negra do julgo do racismo.

UNIÃO DE NEGROS PELA IGUALDADE


Luiza Helena de Bairros é a nova ministra da Igualdade Racial

A socióloga é uma das principais lideranças do movimento negro no Brasil

Reconhecida como uma das principais lideranças do movimento negro no Brasil, a socióloga Luiza Helena de Bairros foi escolhida nesta segunda-feira (20) pela presidente eleita Dilma Rousseff para assumir a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).
Luiza é a atual secretária de Igualdade Racial da Bahia e seu perfil corresponde às exigências de Dilma para o cargo: ser mulher e negra. A escolha da nova ministra, que é ligada ao PT, tirou as chances de outro deputado do partido - Vicentinho, de São Paulo.
Filha de militar, Luiza nasceu em 1953, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Durante sua vida escolar, começou a se envolver com questões raciais e sempre mostrou interesse pela militância estudantil.
Em 1979, mudou-se para Salvador depois de conhecer o Movimento Negro Unificado da Bahia. Começou, então, sua trajetória contra a discriminação racial. Participou da coordenação da pesquisa do Projeto Raça e Democracia nas Américas: Brasil e Estados Unidos, um projeto relevante contra a discriminação racial. Lecionou na Universidade Católica de Salvador e na Universidade Federal da Bahia e ajudou a coordenar diversos eventos a favor do combate ao racismo.
Luiza trabalhou em programas das Nações Unidas contra o racismo em 2001 e em 2005. Entre 2003 a 2005, trabalhou no Ministério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional (DFID), na pré-implementação do Programa de Combate ao Racismo Institucional para os Estados de Pernambuco e Bahia.
A nova ministra é bacharel em Administração Pública e Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia e doutora em Sociologia pela Michigan State University.

Fonte: G1