quarta-feira, 15 de maio de 2013

INCLUSÃO DIGITAL. MUNDI forma sua primeira turma de computação em parceria com o CEFET-MG

Foto: Emerson Santos
Na noite da última terça-feira (14/05/13), o Movimento Unificado Negro de Divinópolis, formou a sua primeira turma do Curso de Informática. O curso é fruto de uma parceria do MUNDI, com o CEFET/Divinópolis que disponibilizou quatro professores estagiários. 

As aulas começaram em agosto de 2012, e terminaram em abril de 2013. A formação possibilitou aos estudantes, conhecimentos básicos em Windows, Word, Excel, Digitação, Edição de Foto, Power Point, Coordenação Motora e Introdução à Internet.

Inclusão digital e formação Sócio-Política como bandeira

A iniciativa está ligada a Comissão de Educação do Movimento Negro e vai ser intensificada, segundo o vice-presidente do MUNDI, professor Alisson Ferreira: "o MUNDI objetivou além da formação social a inclusão digital de pessoas que ainda não tinham conhecimento sobre informática. Não podemos separar a formação sócio-política da inclusão digital, as duas pertencem a uma mesma dimensão, o direito ao conhecimento. Proporcionar formação sócio-política e ampliar a democratização de acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) é criar condições para que os cidadãos sejam, de fato, incluídos nessa sociedade informatizada e sem fronteiras. Incluir. Essa será sempre a nossa bandeira." 

Jovens, adultos e idosos

Foto: Emerson Santos
Ao todo, 15 alunos com idades que variavam de 11 à 66 anos receberam seus certificados. O curso fez uma mistura de gerações e conseguiu unir pessoas de diversas partes da cidade. 

Abdias do Nascimento

A sala de informática do Movimento Unificado Negro de Divinópolis  foi montada com recursos viabilizados pelo Deputado Estadual Fabiano Tolentino e recebeu o nome de "Sala de informática Abdias do Nascimento", uma homenagem ao grande líder negro.

Foto: Emerson Santos

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O 13 de Maio - Mais que um ato político, uma construção popular


Arte montagem: Alisson Ferreira
Texto: Alisson Ferreira
O Brasil comemora os 125 anos da promulgação da Lei Áurea. Utilizada em discursos; na literatura ficcional; em trabalhos acadêmicos; e, possuidora de um grande potencial histórico-persuasivo, a mesma nasceu de pressões políticas internas e externas que evidenciaram muito mais o seu caráter régio do que o popular. Diante deste tema, é importante fixarmos uma ligeira análise que remonte o aspecto de “Estado Benevolente” existente na construção dos Estados Nacionais.  

Herdeiros de uma escola positivista, nossos primeiros trabalhos historiográficos a respeito da Lei Áurea divinizaram este ato político do Governo. Tal prática, comum às nações modernas, traduziam ações puramente políticas em benesses; que pintavam um romanesco quadro das relações de poder dentro das sociedades. Era importante imprimir na mentalidade da população livre, assim como, na dos libertos, a consciência do sentimento de pertença.

 O Brasil de 1888 destoava do restante das grandes nações mundiais, como a única a possuir uma estrutura escravista legalizada. Diante disso, e das já citadas pressões políticas internas e externas, longe de um preceito humanizador, alinha sua imagem ao discurso prático do capitalismo europeu, mais especificamente do inglês. É deste alinhamento que muitos historiadores pinçaram suas análises que resultaram na visão economicista do fim da escravidão. Porém, ficou evidente em trabalhos posteriores aos das escolas tradicionais e economicistas que não se pode analisar este tema somente sobre o prisma econômico. A questão econômica é relevante e está na cabeça deste fato, mas é ladeada em igual importância pela ação popular.

A historiografia tradicional, ao desejar a construção de uma História do Brasil voltada à ação de seus governantes, negligenciou a presença forte e constante de movimentos populares que atuaram na base das comunidades promovendo debates e até ações práticas contra a nefasta escravidão. O Movimento Abolicionista, como ficou conhecido, foi voz ativa e decisiva no processo histórico que culminou com a assinatura da Lei Áurea. O historiador Flávio Gomes, em seu livro “Negros e Política (1888-1937)”, aponta que nas últimas décadas da escravidão, inúmeros atos públicos e fugas em massa de escravos foram organizados nas principais cidades do Brasil.

A História do Brasil, contada sem a perspectiva da ação popular, falseia a mesma. Estudiosos do assunto, como Gladys Sabino, Sidney Chalhoub e muitos outros, atestam a presença de indivíduos de classes periféricas e a ação de movimentos coletivos que, de forma politizada, impetraram sob diversas maneiras, ações de contestação ao catastrófico e imoral “Estado Escravista Brasileiro”. Essa organização abriu portas nas Casas Legislativas, nos Tribunais e evidenciaram a concretização, seja pacífica ou violenta, de um diálogo com o Estado e as classes dominantes.

O 13 de Maio de 1888, expressa, de forma triste, a fuga estratégica dos governantes do Império, aos conflitos práticos e teóricos que estavam instalados no seio da Sociedade Brasileira. Dar a liberdade não significou garantir aos negros libertos, preceitos básicos de dignidade e sobrevivência, tais como moradia, trabalho, educação e saúde. A liberdade que nasceu nos traços “da pena real” respondeu, antes de tudo, aos interesses da elite agrária; aos valores indenizatórios da mesma e à garantia de incentivos econômicos à nova força de trabalho que viria da Europa.

Essa data, marca de nosso alinhamento com os “ditares” da economia capitalista, constrange-nos, ao percebermos que, é nela que se solidifica o início da marginalização do sujeito negro e sua penúria social. A Nação curva-se às exigências do Mercado Internacional, prepara e pensa um país com elite branca europeizada, porém; germina em suas entranhas, uma classe de refugados - o opróbrio da “Nação Ideal”.

Mais adiante, sem poder eliminar a “opróbria raça”, coube aos pensadores e ideólogos elitistas criarem a maléfica teoria da “Democracia Racial”, que nada mais era que um véu colocado sobre o racismo; e construírem o discurso da “harmonia das três raças”, perpetuando a ideia de que, no Brasil, o passado da escravidão não feriu nossa foma de se relacionar.

Enfim, o processo histórico que resultou no 13 de maio de 1888, está longe de abrir para nós brasileiros, um capítulo glorioso de nossa história. O legado que esta data nos deixa ergue-se em meio ao desprezo da história tradicional; invade a mentalidade da comunidade negra e de seus movimentos organizados; avança sobre os holofotes da mídia e começa a desvelar o véu da hipocrisia. Vence as barreiras impostas da educação elitizada e assenta corpo e alma nas instituições de ensino; discursa entre Câmaras e Tribunais e amplia espaços, onde os marginalizados possuem voz e vez e não se curvam ao chicote da “histórica dor”, mas preparam um novo horizonte para a sua história.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Câmara Municipal de Divinópolis-MG acaba com a Comenda da Consciência Negra

Divulgação
Lamentável o que aconteceu na Câmara Municipal de Divinópolis-MG

Com um discurso hipócrita e sem qualquer sensibilidade social, foi aprovado o projeto de lei que acaba com algumas honrarias destinadas aos cidadãos de nossa cidade.


Quem me conhece sabe da minha militância no MOVIMENTO NEGRO DIVINOPOLITANO e é sobre a Comenda da Consciência Negra que falarei. 
O que aconteceu nessa tarde, no legislativo municipal, só atesta a incapacidade de alguns edis de conduzirem de forma cidadã, suas ações no cargo a que foram confiados. Ao aprovarem a extinção da Comenda da Consciência Negra, eles abrem uma ferida nas relações com a comunidade afrodescendente divinopolitana. Não pela homenagem material em si, mas por colocar a Câmara na contramão dos acontecimentos histórico-sociais que veem se desenrolando em nossa nação há anos. 

Enquanto o Brasil dá saltos nas políticas públicas de respeito e valorização da Diversidade e Igualdade Racial nosso legislativo extingue uma ferramenta sensível de melhoramento das Relações Sociais. Uma homenagem não carrega em si apenas seu caráter material, mas antes, mexe com memórias, histórias pessoais e comunitárias que produzem efeitos humanizadores em todas as esferas de nossas relações. 


Ao realizarem esse ato anti-democrático, alguns de nossos edis erguem um muro que destoa dos preceitos de convivência e agridem a memória de muitos divinopolitanos negros ou não. É patética a afirmação de que tal ato reduzirá os gastos da Egrégia Casa e também é lastimável a falta de diálogo com os Movimentos e as Associações afetadas por tal medida. 


O que percebo desde a legislatura passada é que existe um ranço por parte de alguns edis, no que se refere ao processo de escolha dos homenageados. E isso se explica: 


O Movimento Unificado Negro de Divinópolis conseguiu uma vitória grandiosa nesses sete anos de entrega da Comenda. Ela era a única honraria da Câmara Municipal em que os legisladores não tinham a prerrogativa de escolher seus agraciados. Essa ação ficava a cargo do Movimento, das organizações sociais e da militância negra. 


A escolha dos homenageados era feita por parte da comunidade e isto era comemorado como uma vitória dos movimentos sociais e da sociedade divinopolitana. O poder Legislativo sempre teve a prerrogativa de escolher os agraciados em todas as suas honrarias destinadas a população, políticos e instituições, porém, ESSA O POVO ESCOLHIA


A mudança na lei e nos trâmites da Casa Legislativa, nunca desmereceu e não desmerecia a importância dos legisladores no processo de construção e edificação da comunidade e de seus membros.
 

Entregar a escolha dos homenageados à Sociedade Civil Organizada e aos Movimentos Sociais era fazer da Casa uma parceira da Participação Popular e ajudava na realização do direito emancipatório dos cidadãos e entidades a serem contempladas  A escolha partindo dos Movimentos e militantes, representava imparcialidade e merecimento. 


Lamentavelmente os divinopolitanos foram derrotados em seu direito de escolha e constrangidos em sua ação social, marco da comunhão cidadã com a "Casa do Povo".


Parabéns nobres edis!