sábado, 30 de novembro de 2013

ARTISTA PLÁSTICA DIVINOPOLITANA, SERÁ HOMENAGEADA PELOS CORREIOS DE DIVINÓPOLIS – MG

MARLI RODRIGUES, ARTISTA PLÁSTICA DIVINOPOLITANA, SERÁ HOMENAGEADA PELOS CORREIOS DE DIVINÓPOLIS – MG, COM LANÇAMENTO DO SELO: “60 ANOS Marli – Arte e Vida Rodrigues”, no dia 12 de dezembro de 2013, data de seu aniversário, no auditório da FIEMG ás 19h00 horas. Eis o convite:





A artista plástica divinopolitana, Marli Rogrigues lança sua nova coleção de Cartões de Natal



Marli Rodrigues, Artista Plástica de Divinópolis, MG, especialista em Técnica de Colagem lançou sua nova coleção de Cartões de Natal. São mensagens de rara beleza, fé e religiosidade que aquecem os corações. Para 2013, Marli buscou inspiração nas coleções exclusivas de selos: -“Quem são as Madonas?”; e “Batalhadoras do Mundo”, realçando, desta última, a figura de Madre Thereza de Calcutá.
Vamos contribuir e adquirir obras desta grande artista “que faz das Ruas e Avenidas uma vitrine de suas Obras”.

A Coleção de Natal 2013, de Marli Rodrigues, está disponível na PAPELARIA FORTIL – Rua Minas Gerais, 180, Divinópolis – MG.


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Professor Alisson Ferreira fala de investimento na Educação


Essa entrevista foi concedida ao programa "GI - Giro Interativo"

Quem é?

"GI -- Giro Interativo" é um programa colaborativo e informativo que busca fomentar discussões de assuntos em destaque ligados ao interesse da população em geral, como saúde, educação e transportes. Os temas são atualizados semanalmente por três moderadoras, as jornalistas Pollyanne Soares, Júnia Brasil e Amarilis Pequeno, mas possui a colaboração de internautas, que podem enviar livremente suas análises, opiniões e sugestões. Aqui, o programa é feito por quem interessa.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

INCLUSÃO DIGITAL. MUNDI forma sua primeira turma de computação em parceria com o CEFET-MG

Foto: Emerson Santos
Na noite da última terça-feira (14/05/13), o Movimento Unificado Negro de Divinópolis, formou a sua primeira turma do Curso de Informática. O curso é fruto de uma parceria do MUNDI, com o CEFET/Divinópolis que disponibilizou quatro professores estagiários. 

As aulas começaram em agosto de 2012, e terminaram em abril de 2013. A formação possibilitou aos estudantes, conhecimentos básicos em Windows, Word, Excel, Digitação, Edição de Foto, Power Point, Coordenação Motora e Introdução à Internet.

Inclusão digital e formação Sócio-Política como bandeira

A iniciativa está ligada a Comissão de Educação do Movimento Negro e vai ser intensificada, segundo o vice-presidente do MUNDI, professor Alisson Ferreira: "o MUNDI objetivou além da formação social a inclusão digital de pessoas que ainda não tinham conhecimento sobre informática. Não podemos separar a formação sócio-política da inclusão digital, as duas pertencem a uma mesma dimensão, o direito ao conhecimento. Proporcionar formação sócio-política e ampliar a democratização de acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) é criar condições para que os cidadãos sejam, de fato, incluídos nessa sociedade informatizada e sem fronteiras. Incluir. Essa será sempre a nossa bandeira." 

Jovens, adultos e idosos

Foto: Emerson Santos
Ao todo, 15 alunos com idades que variavam de 11 à 66 anos receberam seus certificados. O curso fez uma mistura de gerações e conseguiu unir pessoas de diversas partes da cidade. 

Abdias do Nascimento

A sala de informática do Movimento Unificado Negro de Divinópolis  foi montada com recursos viabilizados pelo Deputado Estadual Fabiano Tolentino e recebeu o nome de "Sala de informática Abdias do Nascimento", uma homenagem ao grande líder negro.

Foto: Emerson Santos

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O 13 de Maio - Mais que um ato político, uma construção popular


Arte montagem: Alisson Ferreira
Texto: Alisson Ferreira
O Brasil comemora os 125 anos da promulgação da Lei Áurea. Utilizada em discursos; na literatura ficcional; em trabalhos acadêmicos; e, possuidora de um grande potencial histórico-persuasivo, a mesma nasceu de pressões políticas internas e externas que evidenciaram muito mais o seu caráter régio do que o popular. Diante deste tema, é importante fixarmos uma ligeira análise que remonte o aspecto de “Estado Benevolente” existente na construção dos Estados Nacionais.  

Herdeiros de uma escola positivista, nossos primeiros trabalhos historiográficos a respeito da Lei Áurea divinizaram este ato político do Governo. Tal prática, comum às nações modernas, traduziam ações puramente políticas em benesses; que pintavam um romanesco quadro das relações de poder dentro das sociedades. Era importante imprimir na mentalidade da população livre, assim como, na dos libertos, a consciência do sentimento de pertença.

 O Brasil de 1888 destoava do restante das grandes nações mundiais, como a única a possuir uma estrutura escravista legalizada. Diante disso, e das já citadas pressões políticas internas e externas, longe de um preceito humanizador, alinha sua imagem ao discurso prático do capitalismo europeu, mais especificamente do inglês. É deste alinhamento que muitos historiadores pinçaram suas análises que resultaram na visão economicista do fim da escravidão. Porém, ficou evidente em trabalhos posteriores aos das escolas tradicionais e economicistas que não se pode analisar este tema somente sobre o prisma econômico. A questão econômica é relevante e está na cabeça deste fato, mas é ladeada em igual importância pela ação popular.

A historiografia tradicional, ao desejar a construção de uma História do Brasil voltada à ação de seus governantes, negligenciou a presença forte e constante de movimentos populares que atuaram na base das comunidades promovendo debates e até ações práticas contra a nefasta escravidão. O Movimento Abolicionista, como ficou conhecido, foi voz ativa e decisiva no processo histórico que culminou com a assinatura da Lei Áurea. O historiador Flávio Gomes, em seu livro “Negros e Política (1888-1937)”, aponta que nas últimas décadas da escravidão, inúmeros atos públicos e fugas em massa de escravos foram organizados nas principais cidades do Brasil.

A História do Brasil, contada sem a perspectiva da ação popular, falseia a mesma. Estudiosos do assunto, como Gladys Sabino, Sidney Chalhoub e muitos outros, atestam a presença de indivíduos de classes periféricas e a ação de movimentos coletivos que, de forma politizada, impetraram sob diversas maneiras, ações de contestação ao catastrófico e imoral “Estado Escravista Brasileiro”. Essa organização abriu portas nas Casas Legislativas, nos Tribunais e evidenciaram a concretização, seja pacífica ou violenta, de um diálogo com o Estado e as classes dominantes.

O 13 de Maio de 1888, expressa, de forma triste, a fuga estratégica dos governantes do Império, aos conflitos práticos e teóricos que estavam instalados no seio da Sociedade Brasileira. Dar a liberdade não significou garantir aos negros libertos, preceitos básicos de dignidade e sobrevivência, tais como moradia, trabalho, educação e saúde. A liberdade que nasceu nos traços “da pena real” respondeu, antes de tudo, aos interesses da elite agrária; aos valores indenizatórios da mesma e à garantia de incentivos econômicos à nova força de trabalho que viria da Europa.

Essa data, marca de nosso alinhamento com os “ditares” da economia capitalista, constrange-nos, ao percebermos que, é nela que se solidifica o início da marginalização do sujeito negro e sua penúria social. A Nação curva-se às exigências do Mercado Internacional, prepara e pensa um país com elite branca europeizada, porém; germina em suas entranhas, uma classe de refugados - o opróbrio da “Nação Ideal”.

Mais adiante, sem poder eliminar a “opróbria raça”, coube aos pensadores e ideólogos elitistas criarem a maléfica teoria da “Democracia Racial”, que nada mais era que um véu colocado sobre o racismo; e construírem o discurso da “harmonia das três raças”, perpetuando a ideia de que, no Brasil, o passado da escravidão não feriu nossa foma de se relacionar.

Enfim, o processo histórico que resultou no 13 de maio de 1888, está longe de abrir para nós brasileiros, um capítulo glorioso de nossa história. O legado que esta data nos deixa ergue-se em meio ao desprezo da história tradicional; invade a mentalidade da comunidade negra e de seus movimentos organizados; avança sobre os holofotes da mídia e começa a desvelar o véu da hipocrisia. Vence as barreiras impostas da educação elitizada e assenta corpo e alma nas instituições de ensino; discursa entre Câmaras e Tribunais e amplia espaços, onde os marginalizados possuem voz e vez e não se curvam ao chicote da “histórica dor”, mas preparam um novo horizonte para a sua história.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Câmara Municipal de Divinópolis-MG acaba com a Comenda da Consciência Negra

Divulgação
Lamentável o que aconteceu na Câmara Municipal de Divinópolis-MG

Com um discurso hipócrita e sem qualquer sensibilidade social, foi aprovado o projeto de lei que acaba com algumas honrarias destinadas aos cidadãos de nossa cidade.


Quem me conhece sabe da minha militância no MOVIMENTO NEGRO DIVINOPOLITANO e é sobre a Comenda da Consciência Negra que falarei. 
O que aconteceu nessa tarde, no legislativo municipal, só atesta a incapacidade de alguns edis de conduzirem de forma cidadã, suas ações no cargo a que foram confiados. Ao aprovarem a extinção da Comenda da Consciência Negra, eles abrem uma ferida nas relações com a comunidade afrodescendente divinopolitana. Não pela homenagem material em si, mas por colocar a Câmara na contramão dos acontecimentos histórico-sociais que veem se desenrolando em nossa nação há anos. 

Enquanto o Brasil dá saltos nas políticas públicas de respeito e valorização da Diversidade e Igualdade Racial nosso legislativo extingue uma ferramenta sensível de melhoramento das Relações Sociais. Uma homenagem não carrega em si apenas seu caráter material, mas antes, mexe com memórias, histórias pessoais e comunitárias que produzem efeitos humanizadores em todas as esferas de nossas relações. 


Ao realizarem esse ato anti-democrático, alguns de nossos edis erguem um muro que destoa dos preceitos de convivência e agridem a memória de muitos divinopolitanos negros ou não. É patética a afirmação de que tal ato reduzirá os gastos da Egrégia Casa e também é lastimável a falta de diálogo com os Movimentos e as Associações afetadas por tal medida. 


O que percebo desde a legislatura passada é que existe um ranço por parte de alguns edis, no que se refere ao processo de escolha dos homenageados. E isso se explica: 


O Movimento Unificado Negro de Divinópolis conseguiu uma vitória grandiosa nesses sete anos de entrega da Comenda. Ela era a única honraria da Câmara Municipal em que os legisladores não tinham a prerrogativa de escolher seus agraciados. Essa ação ficava a cargo do Movimento, das organizações sociais e da militância negra. 


A escolha dos homenageados era feita por parte da comunidade e isto era comemorado como uma vitória dos movimentos sociais e da sociedade divinopolitana. O poder Legislativo sempre teve a prerrogativa de escolher os agraciados em todas as suas honrarias destinadas a população, políticos e instituições, porém, ESSA O POVO ESCOLHIA


A mudança na lei e nos trâmites da Casa Legislativa, nunca desmereceu e não desmerecia a importância dos legisladores no processo de construção e edificação da comunidade e de seus membros.
 

Entregar a escolha dos homenageados à Sociedade Civil Organizada e aos Movimentos Sociais era fazer da Casa uma parceira da Participação Popular e ajudava na realização do direito emancipatório dos cidadãos e entidades a serem contempladas  A escolha partindo dos Movimentos e militantes, representava imparcialidade e merecimento. 


Lamentavelmente os divinopolitanos foram derrotados em seu direito de escolha e constrangidos em sua ação social, marco da comunhão cidadã com a "Casa do Povo".


Parabéns nobres edis!

terça-feira, 9 de abril de 2013

Selo criado por artista divinopolitana vira estátua de bronze no Rio de Janeiro


Foto. G37
Artista Plástica Marli Rodrigues
O trabalho da artista plástica divinopolitana (MG), Marli Rodrigues, vem sendo reconhecido nacionalmente. Criadora do Selo Emilinha Borba: “Um Sonho Nacional”, lançado recentemente pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e publicado aqui nesse Blog. 

Sua obra inspirou o artista, Edgar Duvivier, a criar, a pedido do Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, uma estátua de bronze da cantora. A estátua será colocada no Bairro da Lapa, na Rua do Lavradio, conforme informação da Coluna de Anselmo Goes publicada no Jornal O Globo em 02/04/13.


No coração da Lapa

Foto: divulgação.
 Rua Lavradio, Lapa-RJ
Foto: divulgação
Na esquina da Rua Lavradio com a Rua Senado 
situa-se a Praça Emilinha Borba.
A Rua do Lavradio fica no coração da Lapa, o bairro boêmio da cidade; e conta com inúmeras casas de show, bares e restaurantes.  A música é uma constante, cada lugar tem o seu som: aqui uma roda de samba, ali um show de jazz, mais adiante um rock, um hip-hop. 





Rua do Lavradio. História e arte

Aberta nos idos de 1770, a Rua do Lavradio foi a primeira rua residencial da cidade, e remete a personalidades nobres: dos escritores Lima Barreto e Machado de Assis, a cantora Carmem Miranda e o ator João Caetano, o Duque de Caxias, o Marquês de Olinda e outros. Desde essa época até hoje, a Lapa continua a pulsar. 


Conhecida pela riqueza cultural, a união entre tribos de diversos estilos, ponto de encontro de pessoas de todas as idades e classes sociais, o bairro da Lapa vem enriquecendo cada vez mais com transformações e obras. 


por: Cidadania e Participação

terça-feira, 19 de março de 2013

Futuros covardes vestidos com a toga

Houve uma época, é claro, em que nós cinco não conhecíamos um ao outro...Ainda não conhecemos um ao outro, mas aquilo que é possível e tolerável para nós cinco possivelmente não será tolerado por um sexto. Em todo caso, somos cinco e não queremos ser seis....
Longas explicações poderiam resultar que o aceitássemos em nosso círculo, de modo que preferimos não explicar e não aceitá-lo.... Franz Kafka, Amizade.

Alisson Ferreira  

Acompanhei com repugnância e porque não dizer, com ira, os deploráveis atos com contornos DEGRADANTES impetrados a calouros do curso de DIREITO da UFMG. 

O grande filosofo, advogado e orador romano, Cícero, declarou: "A lei é inteligência, e sua função natural é impor o procedimento correto e proibir a má ação." É bem capaz que os estudantes "veteranos" da UFMG, que cometeram o "trote", tenham se deparado com essa citação em algum momento de seu curso. Porém, a aplicabilidade da beleza dessa declaração foi substituída por um profundo contra-testemunho de seu aprendizado. Um bom estudante de DIREITO saberia que é CRIME colocar qualquer pessoa em situação de vexame ou degradação pessoal, assim está expresso na Declaração Universal dos Direitos Humanos, "artigo V - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante." 

Como confiar a sublime arte de defender e aplicar a lei, a indivíduos tão esvaziados de humanidade? A arte de advogar não pode ser entregue a esses "infelizes". Esses, deformam a essência do direito e zombam de sua aplicabilidade, são covardes que se travestem de estudantes e que desrespeitam um semelhante por simples prazer. 

Estão zombando de nós! Sim, estão. Frequentam Universidades Públicas e atacam a imagem de nossas instituições ferindo a integridade de um semelhante, de um CIDADÃO. Fazem isso e saúdam o escárnio realizado, com sarcasmo e gestual NAZISTA. Colorem de NEGRO uma jovem e a "batizam" com o nome de uma escrava: "Chica da Silva". Ferem a integridade da jovem e destilam sentimentos racistas nesse ato. 


Esses futuros advogados e juízes desmoralizam a profissão e fornecem o que o cantor Renato Russo cantou: "sempre mais do mesmo". A descrença na justiça é algo sempre recorrente nos bate papos cotidianos. Vivemos uma crise ÉTICA e isso fica mais claro a cada dia. O que esperar de um PAÍS onde estudantes de direito alicerçam seu aprendizado na desmoralização das leis e do ser humano? 

Me respondam, devemos ser tolerantes aos desvios desses estudantes? Ou exigiremos punição aos atos e a reconstrução do RESPEITO perdido? Que saibamos enxergar no outro a dignidade que desejamos e preservamos em nós. 

Nosso país não pode cair nas mãos de " futuros covardes vestidos com a toga". Que sejam todos punidos exemplarmente e basta de "trotes" em nossas Universidades! 

quinta-feira, 14 de março de 2013

A ajuda humanitária que gera dependência


Divulgação
Luta contra a fome – uma bandeira que praticamente todos levantam. Mas há acusações de que muitos dos que dizem querer ajudar na verdade se beneficiam da miséria alheia.
O Haiti é o exemplo típico de uma política que traz lucro para os países desenvolvidos e prejudica os pequenos agricultores locais – justamente as vítimas da fome. Essa é a avaliação do diplomata Jean Feyder, de Luxemburgo, presidente da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
Em seu livro Mordshunger (em tradução livre "Fome voraz"), Feyder retrata o drama da ilha caribenha: até 30 anos atrás, os agricultores haitianos produziam arroz suficiente para a população do país. O Haiti foi então obrigado a reduzir suas taxas de importação de 50% para 3%. Alimentos subvencionados importados dos Estados Unidos arruinaram a agricultura local. Os produtores perderam seu meio de subsistência e cada vez mais pessoas começaram a passar fome.
Hoje, o Haiti importa dos Estados Unidos 80% do arroz que consome – e assim está à mercê dos caprichos dos mercados internacionais. Mesmo antes do terremoto que devastou o país em janeiro de 2010, o Haiti já era um dos países mais pobres do planeta.  O ex-presidente norte-americano Bill Clinton, que fez forte pressão pela redução nas tarifas alfandegárias haitianas, arrependeu-se de sua política: "Talvez tenha sido bom para alguns dos meus fazendeiros em Arkansas, mas foi um erro".
O que aconteceu com o Haiti, diz Jean Feyder à Deutsche Welle, vale para muitos outros países. Também os membros da União Europeia (UE) lucraram com a exportação de grãos, carne de aves, leite em pó ou polpa de tomate a preços que arruinaram produtores rurais nos países em desenvolvimento.
Ajuda que beneficia os países doadores
Assim, o Haiti e outros países tornaram-se dependentes de ajuda humanitária. Só que essa ajuda não é dada sem interesses próprios. "A doação de alimentos não pode continuar servindo como meio de os países doadores se livrarem de seus excedentes agrícolas e explorarem novos mercados", critica Feyder.
O princípio de ajuda útil para o próprio doador fica evidente no programa Food for Peace, dos Estados Unidos. Como maior país doador, os EUA vinculam quase um terço de sua ajuda econômica ao fornecimento de bens e serviços. Assim, produtos agrários norte-americanos são transportados por longas distâncias sob a bandeira dos Estados Unidos.
Os países que recebem a ajuda precisam comprovar, reprova Feyder, "que podem se tornar mercados consumidores dos produtos agrários norte-americanos". Lá os alimentos são distribuídos ou vendidos para financiar mais ações humanitárias.
A venda e distribuição garantem lucros a terceiros. Os agricultores locais sofrem. Segundo um representante da organização humanitária Care, no Quênia, se está destruindo o que se quer construir. Onde se tentou desenvolver um meio de subsistência para os agricultores através do cultivo de óleo de girassol, foram despejadas no mercado toneladas de óleo de cozinha subvencionado por programas de ajuda humanitária.
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) quer reformas. Mas as tentativas de acabar com a monetarização do fornecimento de alimentos fracassou no Congresso. Além de agricultores e empresas de transporte, também organizações de ajuda humanitária protestaram por não abrirem mão do financiamento de seus programas.
Enquanto o governo dos Estados Unidos lutava, em 2010 o Programa Mundial de Alimentação (WFP, do inglês) das Nações Unidas respondeu por "78% dos alimentos comprados em países em desenvolvimento".
Esforço decepcionante
Organizações humanitárias, países doadores e em desenvolvimento entraram em acordo sobre uma forma mais efetiva de ajuda ao desenvolvimento em 2005. Em uma conferência em Paris, decidiu-se que deveria haver melhor coordenação, alinhada com as necessidades dos beneficiários, e que os resultados precisariam ser avaliados.
A Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) fez um balanço das medidas em 2011. Das 13 metas acordadas, apenas uma foi alcançada. O resultado foi considerado "decepcionante" pela OCDE.
Desiludido, o economista queniano James Shikwati pede o fim da ajuda ao desenvolvimento. De acordo com suas convicções, essa ajuda serve principalmente aos interesses políticos dos doadores. Na África, quem mais se beneficia da ajuda humanitária são os governos corruptos. A dependência foi aprofundada.
A declaração do ministro alemão para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Dirk Niebel, de que gostaria que fosse dado mais valor aos interesses da economia alemã foi considerada por Shikwati como "honesta". Em conversa com o "europeu", ele pediu a Niebel que "não prejudicasse os interesses econômicos da África através da ajuda humanitária", mas que se preocupasse em promover comércio justo.
Especialmente em regiões de conflito a ajuda humanitária cai em mãos erradas. De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), em agosto de 2011 foram roubados na Somália milhares de sacos de alimentos para as vítimas da catástrofe da fome.  O WFP anunciou que o roubo está sendo investigado.
Residentes de um dos campos de refugiados contaram que, depois de terem sido fotografados com sacos de milho, os alimentos foram novamente tomados deles. Nos mercados da capital, Mogadíscio, eram vendidos sacos com alimentos com selos do WFP, da Usaid e do governo japonês.
Ajuda aos famintos pode prolongar guerras
Já em 2010, um relatório do Grupo de Monitoramento da ONU para a Somália concluiu que metade da ajuda alimentar do WFP era roubada por senhores da guerra, comerciantes corruptos ou funcionários corruptos do próprio WFP. A organização negou isso.
A jornalista e escritora holandesa Linda Polman (A Indústria da Caridade. Os bastidores das organizações de ajuda internacional) conhece o mau uso da ajuda humanitária. Durante a fome na Somália nos anos 1990, ela testemunhou como os senhores da guerra roubavam suprimentos dos famintos para comprar armas. A ajuda pode prolongar uma guerra, assegura Polman, pois, segundo ela, "na guerra, alimento é arma."
Em entrevista à Deutsche Welle, Polman alerta para que não se glorifique instituições de caridade. Segundo ela, existe uma "indústria da ajuda", de instituições de caridade concorrentes e que têm interesses comerciais. Mesmo que tenham boas intenções, diz Polman, as organizações humanitárias vivem da fome e da ajuda humanitária. Elas concorrem pelo dinheiro de doadores e cooperam muito pouco entre si. E os poderosos nos países beneficiários se utilizam disso.
Segundo estimativas das Nações Unidas, existem cerca de 37 mil organizações internacionais de ajuda humanitária em todo o mundo. Na conta não estão incluídas iniciativas privadas. Polman apela aos doadores que controlem melhor projetos e instituições.
Transparência contra a corrupção – Open Aid
Wolfgang Wodarg já foi membro da comissão de Cooperação e Desenvolvimento Econômico do parlamento alemão e visitou muitos projetos de ajuda internacional. Hoje, Wodarg trabalha na diretoria da organização Transparency International na Alemanha.
Em entrevista à Deutsche Welle, ele estimou que apenas 10% da ajuda internacional chegam às pessoas que realmente precisam dela. "Corrupção e conflito de interesses são parte integrante da cooperação para o desenvolvimento", reclama Wodarg. E a única forma de combater esse mal é aumentar a transparência.
Para isso foi criado o movimento Open Aid: doadores e instituições de caridade devem publicar em uma plataforma comum tudo o que recebem em forma de financiamento. Os beneficiários devem ser incluídos. O objetivo é criar um sistema que permita que qualquer pessoa na internet possa ter acesso a todas as organizações, projetos e resultados da ajuda internacional. E assim se pode ver, também, quem de fato se beneficiou.
Autora: Andrea Grunau (ff)
Revisão: Roselaine Wandscheer