Os inúmeros desvios de condutas,
os crimes contra o erário público e a crise ético-política que assola o Brasil
demonstram de forma dantesca as prioridades nada sociais dos nossos homens
públicos e seus grupos políticos. A administração da coisa pública tem sido usada
para aumentar o poder econômico de políticos e empresários. Agindo na contramão
dos preceitos da política, os representantes do povo brasileiro mancham com a lama
da corrupção a juvenil história republicana da nação.
A descrença com os representantes
políticos cresce à medida que novos casos e denúncias de corrupções aparecem e
inundam os noticiários e as redes sociais. Porém, a falta de confiança da
população nos seus representantes aponta uma constatação assustadora e
constrangedora, a grande parte dos eleitores que elegem os políticos não
acredita na política, votam pela obrigação constitucional, não tomam parte no
fazer político.
Quando os cidadãos não atuam de
forma a impactar a agenda política de seus representantes com demandas sociais
importantes, as relações se afrouxam e terminam por se constituírem como
simples assistencialismos e trocas de favores. O abandono das discussões e da
construção de proposições que ajudem na administração pública possibilita aos
governantes agirem ao seu bel prazer, pontuando o que é viável ou não, na
execução de suas funções.
Sem a efetiva participação dos
cidadãos, os rumos políticos da nação tornam se incertos quanto às suas
primícias democráticas. A presença da sociedade garante a fiscalização do
trabalho dos governantes e possibilita a preservação de seus direitos. É
importante que a sociedade ajude a construir as vias administrativas de suas
localidades e regiões. Quando se educa a participação popular os olhares
politizados sombreiam o agir dos representantes públicos. A presença discernida
inibe atos de corrupção e abre diálogos constantes com as instâncias decisórias.
Da educação política certamente sai o empoderamento do cidadão e dela poderá se
erguer a criticidade que nos falta atualmente. Somente com instrução se pode
sair da passividade e tornar-se agente da história.
“[...] uma educação pelo
trabalho, que estimule a colaboração e não a competição. Uma educação que dê
valor à ajuda mútua e não ao individualismo, que desenvolva o espírito crítico
e a criatividade, e não a passividade. Uma educação que se fundamente na
unidade entre a prática e a teoria, entre o trabalho manual e o trabalho intelectual
e que, por isso, incentive os educandos a pensar certo. Uma educação que não
favoreça a mentira, as ideias falsas, a indisciplina. Uma educação política,
tão política quanto qualquer outra educação, mas que não tenta passar por
neutra. Ao proclamar que não é neutra, que a neutralidade é impossível, afirma
que a sua política é a dos interesses do nosso povo.” (FREIRE, 1984, p.95)
Texto: Alisson Ferreira
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