
O
homem cria conceitos diversificados e rotula seus iguais. Neste sentido, somos
classificados e colocados diante de construções ideológicas que servem a
propósitos puramente mercadológicos e, o que era “sólido se desmancha no ar” [1]. Criamos um mundo “frio” onde tudo se encaixa
na ideia da razão pragmática, aquela que só aparece nas conveniências e só se
desenvolve dentro de relações de curto tempo.
A
sociedade do pós-tudo entende o que é duradouro como um crime contra a
liberdade, um assalto aos direitos individuais. Nela, os laços relacionais
desmantelam-se e constituem-se num entrave à emancipação de ser. A solidez das
instituições históricas é questionada; suas contribuições na formação da
sociedade não preenchem mais as necessidades de um mundo ávido de teorias
fluidas. Neste sentido, conceitos humanitários, como o de igualdade, em seus
diversos campos quer jurídico ou social possuem interpretações individualizadas
e relativas. Há um sistemático ritmo de inversão de valores. A sociedade dita
moderna, porém, filha de um tradicional esteio sócio-religioso enfrenta um
colapso de suas verdades. O que era socializado privatizou-se.
“Nossos
laços não estão bem atados” [2], assim como nossas
práticas não se prendem às teorias. O desencantamento com o “outro” promove uma
crise ética e moral e nos leva ao que eu disse serem “os descartáveis”. Quando
o “outro” e suas características socioculturais tornam-se inadequados, inaptos e
descartáveis, o que chamamos de humanidade perde sentido e fecha a porta para a
diversidade. Daí é criado um ambiente onde a ordem é “refugar” [3] “os impróprios” desocializados
como resultado de um mundo pós-amor, pós-igualdade, pós-fraternidade; um mundo pós-tudo.
Texto: Alisson Ferreira
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