segunda-feira, 25 de julho de 2011

EDUCAÇÃO, POLÍTICA E RACISMO

Divulgação
Questões relacionadas à discriminação racial e educação, no âmbito escolar, tem sido objeto de um número crescente de estudos e trabalhos acadêmicos, favorecendo assim, a abertura de espaços para discussões e busca de alterna-tivas para minimizar a discriminação racial e o preconceito em nossas escolas.

Estes estudos têm contribuído bastante para desvelar o mito da “democracia racial” que há várias décadas cobre com uma cortina de fumaça nosso dia-a-dia e mascara o preconceito existente em nossas relações sociais. Esta ideia de harmonia racial levou a um engessamento convencional das políticas públicas de educação. Por vários anos o racismo ficou evidenciado nestas políticas no que diz respeito a ausência consistente de conteúdos que abordassem ou mesmo remetessem à história e a contribuição dos afro-brasileiros na construção do Brasil.

A ausência de políticas educacionais que realmente abrissem os olhos da po-pulação brasileira para a presença dos negros dentro da história da nação, associada ao sempre presente mito da “democracia racial”, penalizou os mes-mos, excluí-os do sistema formal de ensino assim como de outros setores da sociedade.

Então, a mentirosa e demagógica “democracia racial brasileira” é um recurso que muitos ainda continuam usando para negar a existência do racismo entre nós. Essas pessoas, mesmo reconhecendo a baixa condição social e econômica dos afro-brasileiros, alegam que ela não se deve ao racismo, mas sim a fatores econômicos.

Se analisarmos a realidade da população negra em outros países, e tomando por base as relações sociais dos Estados Unidos, país que foi movimentado socialmente pela causa negra, desde os anos 60, e que teve o intuito de propi-ciar oportunidades iguais de educação, integração e justiça social a todos os membros da sociedade civil, vemos que no Brasil, a luta pela melhoria nas condições de ensino, assim como em outras esferas sociais se equivalem. Esta constatação não despreza as muitas peculiaridades existentes que diferenciam as duas realidades de luta, mas aponta um mesmo ideal de busca pela implementação de políticas públicas que intensifiquem e promovam iguais oportunidades de educação, mudanças dos conteúdos curriculares, elaboração do livro didático e outros materiais, além da formação de pro-fessores competentemente formados para respeitar a diversidade cultural em todos os âmbitos.

A aspiração de ser reconhecido como ser humano corresponde ao valor que chamamos de auto-estima. Ela leva os negros a desejarem libertar-se do estado de inferioridade a que foram relegados e desembaraçar-se das imagens depreciativas de si mesmos. Particularmente, leva-os a lutar contra o racismo que representa, acima de tudo, uma nega-ção de identidade configurada pela negação radical do valor das heranças histórica e cultural de onde advêm a discriminação e a segregação.

A luta do Movimento Negro iniciada na década de 70 consegue no início dos anos 90 importantes ganhos no que diz respeito a aparatos jurídicos-normativos. A comunidade negra organizada conseguiu através da argumentação de que, a diversidade é uma “variante nuclear” propor uma nova face aos currículos escolares. Esta proposta é apontada como inovadora e é baseada em preceitos de igualdade contidos na Constituição Federal além de constituir uma das matérias-primas da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Não é pretensão alguma afirmar que, da ação conjunta do texto constitucional e do contexto da LDB nasce uma luz para as políticas e os planejamentos educacionais no que diz respeito a questão negra no Brasil.

Mais recentemente esse arcabouço jurídico-normativo foi acrescido da Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que alterou a LDB para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura afro-brasileira e africana. No intuito de viabilizar a implementação da lei, é elaborada as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o ensino de História e cultura afro-brasileira e africana, aprovada pelo Conselho Nacional de educação, em 10 de março de 2004. Nos seus apontamentos as diretrizes determinam que as condições materiais das escolas e a formação de professores são indispensáveis para uma educação de qualidade, para todos, assim como o é o reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade dos descendentes de africanos.

Em fim, os avanços conseguidos em anos de luta dos Movimentos negros que resultaram em sinais visíveis de um amadurecimento jurídico da causa negra devem ser celebrados e acrescidos de mais e mais lutas para que os ganhos atuais não fiquem nas frias letras do texto legislativo, mas venham realmente para agregar às instituições de ensino, as associações de bairros, as ongs, igrejas e principalmente à consciência das pessoas fatores de inserção social e de edificação da pessoa humana.

Texto: Alisson Ferreira

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Embaixador de Moçambique, Murade Murargy visitou a sede do MUNDI

 
O embaixador Murade Murargy e o prefeito
municipal Vladimir Azevedo em entrevista ao
programa "BRASIL RAÇA MUNDI"

O embaixador da República de Moçambique, Murade Murargy, visitou a sede do Movimento Unificado Negro de Divinópolis, na noite de 14/07 e concedeu uma entrevista ao programa "Brasil Raça Mundi".

Murade falou que há boas perspectivas de acordos comerciais envolvendo
empresários 
divinopolitanos e o Governo de Moçambique.

O embaixador ficou encantado com a recepção dos divinopolitanos à sua comitiva e transmitiu à diretoria do MUNDI uma mensagem de incentivo e encorajamento do antigo Ministro da Igualdade Racial, Elói Araújo.

O presidente do Movimento Unificado Negro de Divinópolis, Sr. Geraldo Cubu, falou ao diplomata da importância de sua presença em terras mineiras "para Divinópolis esta sendo muito importante sua visita. O senhor não fará apenas acordos comerciais aqui, mais que isso, pintará em cada um de nós a viva imagem dos povos africanos na construção da sociedade brasileira."  

Para Alisson Ferreira, vice presidente do MUNDI, Divinópolis só tem a ganhar investindo na África "nossos empresários só têm a ganhar com investimentos em países africanos. Moçambique por exemplo, tem tido uma taxa de crescimento considerável quanto à sua economia e se é de confiança que o mercado vive, o governo moçambicano tem oferecido grandes incentivos para a atividade comercial no país e o PIB de 2011 deve chegar a 7,2. Só a VALE emprega mais de sete mil funcionários moçambicanos e extrangeiros; árabes estão investindo seus petrodolares no promissor e atraente setor de turismo moçambicano. Será um grande negócio para Divinópolis qualquer acordo fechado com o governo e os empresários de Moçambique."

O embaixador visitou áreas comerciais de Divinópolis e se reuniu com empresários divinopolitanos e da região.  

O vice-presidente do Movimento Unificado Negro de Divinópolis,
Alisson Ferreira e o embaixador da República de Moçambique,
 Murade Murargy, na sede do MUNDI
 
Matéria: Blog Cidadania e Participação

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes 2011

Um ano dedicado aos afrodescendentes

“Este Ano Internacional oferece uma oportunidade única para redobrar nossos esforços na luta contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e outras formas de intolerância que afetam as pessoas de ascendência africana em toda parte.”
(Navi Pillay, Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos)

Estima-se que 150 milhões de pessoas que se identificam como sendo de ascendência africana vivem na América Latina e no Caribe. Muitos outros milhões vivem em outras partes do mundo, fora do continente africano. Ao proclamar o Ano Internacional, a comunidade internacional está reconhecendo que as pessoas de ascendência africana representam um setor específico da sociedade, cujos direitos humanos devem ser promovidos e protegidos.
As pessoas de ascendência africana são reconhecidas na Declaração e no Programa de Ação de Durban1 como um grupo de vítimas específicas que continuam sofrendo discriminação, como legado histórico do comércio transatlântico de escravos. Mesmo afrodescendentes que não são descendentes diretos dos escravos enfrentam o racismo e a discriminação que ainda hoje persistem, gerações depois do comércio de escravos.

Para corrigir os erros do passado

“Este é o ano para reconhecer o papel das pessoas de ascendência africana no desenvolvimento global e para discutir a justiça para atos discriminatórios correntes e passados que levaram à situação de hoje”
(Mirjana Najcevska, Presidente do Grupo de Trabalho das Nações Unidas de Peritos sobre Pessoas de Ascendência Africana)

O racismo obsceno que foi a base do comércio de escravos e da colonização ainda ressoa hoje. Ele se manifesta de diversas maneiras, às vezes sutilmente, às vezes inconscientemente, como preconceito contra as pessoas com pele mais escura.
Para encontrar formas de combater o racismo, a ex-Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos criou o Grupo de Trabalho de Peritos sobre Pessoas de Ascendência Africana, encarregado de recomendar medidas para promover a igualdade de direitos e oportunidades. Foi criado em 2001 para analisar a situação e as condições de africanos e pessoas de ascendência africana, a fim de enfrentar a discriminação que elas sofrem.
O Grupo de Trabalho concluiu que alguns dos mais importantes desafios que enfrentam as pessoas de ascendência africana dizem respeito à administração da justiça e seu acesso à educação, emprego, saúde e habitação.
Em alguns países, embora possam ser uma minoria, as pessoas de ascendência africana constituem uma parte da população carcerária desproporcionalmente alta percentagem e recebem sentenças mais duras do que os da etnia predominante. O enquadramento racial2 – que resulta na sistemática segmentação de pessoas de ascendência africana por policiais – criou e perpetuou grave estigmatização e estereótipos dos afrodescendentes como dotados de uma propensão à criminalidade.
Em muitos países com grande população de afrodescendentes, este setor da sociedade tem menos acesso e níveis mais baixos de educação. As evidências mostram que, quando as pessoas de ascendência africana têm maior acesso à educação, participam de forma mais igualitária em todos os aspectos políticos, econômicos e culturais da sociedade, bem como no avanço e no desenvolvimento econômico de seus países. Da mesma forma, elas encontram-se em melhores condições para defender seus próprios interesses.
O Grupo de Trabalho também constatou que os afrodescendentes sofrem de desemprego em um nível mais elevado do que outros setores das sociedades em que vivem e de acesso restrito à saúde e à habitação, muitas vezes devido à discriminação estrutural que está incorporada dentro de suas sociedades.
O Grupo de Trabalho salienta que a coleta de dados desagregados sobre a base da etnia é um aspecto importante de abordagem dos direitos humanos de afrodescendentes. As políticas de governo para combater o racismo e a discriminação não podem ser corretamente formuladas, muito menos aplicadas, se essa informação não estiver disponível.

 A Campanha Global
“O Ano Internacional deve se tornar um marco na campanha em curso para promover os direitos das pessoas de ascendência africana. Merece ser acompanhada de atividades que estimulem a imaginação, aprimorem nossa compreensão da situação das pessoas de ascendência africana e seja um catalisador para uma mudança real e positiva na vida diária de milhões de pessoas ao redor do mundo.”
(Navi Pillay, Alta Comissária da
ONU para os Direitos Humanos)

A Assembleia Geral da ONU proclamou 2011 como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes3, citando a necessidade de fortalecer as ações nacionais e a cooperação internacional e regional para assegurar que as pessoas de ascendência africana gozem plenamente de direitos econômicos, culturais, sociais, civis e políticos. O Ano visa ainda promover a integração de pessoas de ascendência africana em todos os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais da sociedade, e promover maior conhecimento e respeito pela sua herança e cultura diversificadas. O Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes foi lançado no Dia dos Direitos Humanos, 10 de dezembro de 2010, pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.
O principal objetivo do Ano é aumentar a consciência dos desafios que as pessoas de ascendência africana enfrentam. Espera-se que o Ano promova discussões com vários parceiros, e que estes proponham soluções para a questão.
Durante 2011, diversos eventos internacionais serão realizados. Em 2 de março, em Genebra (Suíça), um painel de discussão com a participação dos Estados-Membros e da sociedade civil abordará as questões de direitos humanos das pessoas de ascendência africana durante a Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Nesta mesma semana, em 7 de março, uma rodada de discussões será realizada pelo Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial, também em Genebra. Essas discussões servirão para aumentar a conscientização sobre as causas e consequências da discriminação contra as pessoas de ascendência africana e promover a visibilidade de seus diversificados patrimônio e cultura.
Também em março, o Grupo de Peritos sobre Pessoas de Ascendência Africana vai discutir formas de contextualizar o Ano Internacional, ilustrando o porquê de sua necessidade. Esta reunião será realizada em Genebra de 28 de março a 1º de abril. O Ano Internacional será encerrado com a convocação de um debate de alto nível sobre as conquistas das metas e dos objetivos do Ano, realizado em Nova York em setembro, durante a sessão ordinária da Assembleia Geral da ONU.
Uma coalizão de organizações da sociedade civil criada para promover o Ano realizará memoriais, seminários, eventos culturais e outras atividades ao redor do mundo para sensibilizar a opinião pública sobre a contribuição dos descendentes de africanos ao patrimônio mundial, identificando os obstáculos que ainda precisam ser superados. Todos, e em particular as próprias pessoas de ascendência africana, são encorajados a realizar atividades para contribuir para o sucesso do Ano.


Fonte: UNIC - Rio de Janeiro

CCIABM realiza visitas a Divinópolis, cidade promissora de investimento em Moçambique

Embaixador de Moçambique no Brasil,
Exmo. Sr. Murade Isaac Murargy
A Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil Moçambique – CCIABM realizou, no dia 24 de junho, uma visita a cidade de Divinópolis/MG. O objetivo principal da visita da Diretoria da CCIABM, representada pelos Srs. Rodrigo Oliveira e Paulo Henrique Rage, foi viabilizar e fomentar a formação de laços econômicos e negociais entre empresários de Divinópolis e cidades vizinhas com Moçambique.
O subsecretário de Fomento Econômico da Prefeitura, Sr. José Elísio Batista, coordenou a visita e adiantou que a proposta do projeto será apresentada aos empresários da cidade durante Seminário titulado, “Oportunidade de Negócios em Moçambique”, o qual contará com a presença do Embaixador de Moçambique no Brasil, Exmo. Sr. Murade Isaac Murargy, na primeira quinzena de julho na sede da AMVI (Associação dos Municípios da região do Vale do Itapecerica – AMVI). Ainda de acordo com José Elísio, o Seminário é um marco na programação do Centenário da cidade e incluirá a proposta do Prefeito Sr. Vladimir Azevedo ao Embaixador de oportunizar os negócios com o país.
Dentro dessa política de intercâmbio de negócios, o Diretor Executivo Rodrigo Oliveira ressalta o fato de Brasil e Moçambique falarem a mesma língua, o que possibilita uma facilidade e competitividade de negócios para as empresas brasileiras ao entrarem no mercado moçambicano. “Os moçambicanos se espelham nos brasileiros quando enxergam o futuro”, destacou.
Ainda de acordo com o Diretor existe atualmente uma forte relação comercial entre os dois países, sendo que o Brasil atua mais como um país exportador e Moçambique como comprador de tecnologia, serviços e mercadorias brasileiras. Destaca também que Moçambique oferece a empresários estrangeiros, por meio do “Centro Promoção de Investimentos – CPI”, órgão moçambicano, a possibilidade de concessões, isenções fiscais e aduaneiras até mesmo a doação de terrenos.
Também como outra característica promissora de investimento em Moçambique, Rodrigo Oliveira afirma que de acordo com estudo da revista “The Economist” lançado em janeiro desse ano, Moçambique, na primeira década de 2000, teve a oitava taxa de crescimento econômico no mundo e a perspectiva para os próximos cinco anos é que tenha a quarta maior. “Moçambique está vivendo um boom econômico e grandes empresas brasileiras estão presentes como: Camargo Corrêa, Odebrecht, Andrade Gutierrez e outras. Também vale lembrar que o maior investimento da Vale fora do Brasil é em Moçambique onde ela conta sete mil funcionários”, declarou.
De acordo com o subsecretário da Prefeitura José Elísio, o projeto irá contemplar principalmente os empresários do setor vestuário/têxtil, moveleiro, siderúrgico, metalúrgico e de avicultura. As cidades vizinhas de Nova Serrana, Cláudio, Carmo do Cajuru, Perdigão, São Gonçalo do Pará, Pitangui e Itaúna serão convocadas para integrar o projeto junto aos empresários de Divinópolis. A proposta é que após o Seminário – que será aberto ao público – uma missão de empresários seja formada para visitar Moçambique com objetivo de conhecer as oportunidades de negócio do país. “Nós faremos o Seminário e estamos começando um processo que esperamos ser definitivo. Após o Seminário, geraremos compromissos de trabalhos conjuntos e parcerias. (…) Então a previsão é que em agosto ou setembro, façamos uma missão de empresários a Moçambique para consolidação desse processo” ressaltou José Elísio.
O subsecretário da Prefeitura, José Elísio, ressalta que o Seminário é um marco dentro da programação do Centenário e, além de oportunidade de negócios, o encontro está marcado pelo aspecto cultural. “O Prefeito pretende desenvolver com o Embaixador uma programação institucional e cultural nesse grande evento. Para a cidade é importante já que temos uma grande influência da cultura negra, inclusive com o Movimento Negro, que é o Mundi. E o prefeito Vladimir tem a proposta – que o Diretor Rodrigo levará para o Embaixador – que é estabelecer um vínculo de cidade irmã de Divinópolis em Moçambique”, destacou.

Fonte: CCIABM - Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique