terça-feira, 19 de julho de 2016

A urgente participação popular

Os inúmeros desvios de condutas, os crimes contra o erário público e a crise ético-política que assola o Brasil demonstram de forma dantesca as prioridades nada sociais dos nossos homens públicos e seus grupos políticos. A administração da coisa pública tem sido usada para aumentar o poder econômico de políticos e empresários. Agindo na contramão dos preceitos da política, os representantes do povo brasileiro mancham com a lama da corrupção a juvenil história republicana da nação.  

A descrença com os representantes políticos cresce à medida que novos casos e denúncias de corrupções aparecem e inundam os noticiários e as redes sociais. Porém, a falta de confiança da população nos seus representantes aponta uma constatação assustadora e constrangedora, a grande parte dos eleitores que elegem os políticos não acredita na política, votam pela obrigação constitucional, não tomam parte no fazer político. 

Quando os cidadãos não atuam de forma a impactar a agenda política de seus representantes com demandas sociais importantes, as relações se afrouxam e terminam por se constituírem como simples assistencialismos e trocas de favores. O abandono das discussões e da construção de proposições que ajudem na administração pública possibilita aos governantes agirem ao seu bel prazer, pontuando o que é viável ou não, na execução de suas funções.  

Sem a efetiva participação dos cidadãos, os rumos políticos da nação tornam se incertos quanto às suas primícias democráticas. A presença da sociedade garante a fiscalização do trabalho dos governantes e possibilita a preservação de seus direitos. É importante que a sociedade ajude a construir as vias administrativas de suas localidades e regiões. Quando se educa a participação popular os olhares politizados sombreiam o agir dos representantes públicos. A presença discernida inibe atos de corrupção e abre diálogos constantes com as instâncias decisórias. Da educação política certamente sai o empoderamento do cidadão e dela poderá se erguer a criticidade que nos falta atualmente. Somente com instrução se pode sair da passividade e tornar-se agente da história.


“[...] uma educação pelo trabalho, que estimule a colaboração e não a competição. Uma educação que dê valor à ajuda mútua e não ao individualismo, que desenvolva o espírito crítico e a criatividade, e não a passividade. Uma educação que se fundamente na unidade entre a prática e a teoria, entre o trabalho manual e o trabalho intelectual e que, por isso, incentive os educandos a pensar certo. Uma educação que não favoreça a mentira, as ideias falsas, a indisciplina. Uma educação política, tão política quanto qualquer outra educação, mas que não tenta passar por neutra. Ao proclamar que não é neutra, que a neutralidade é impossível, afirma que a sua política é a dos interesses do nosso povo.” (FREIRE, 1984, p.95)

Texto: Alisson Ferreira


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