quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Uma democracia verdadeira respeita a diversidade

Divulgação
Um dos maiores entraves ao desenvolvimento das práticas democráticas é o ato de se desconsiderar a diversidade sócio-cultural dentro de uma nação. Este entrave faz parte da história das grandes nações do mundo e levou muitos estudiosos da política a escreverem sobre este tema. Alexis de Tocqueville[1], em seus apontamentos sobre a constituição da democracia na América, dizia estar ela associada a um processo igualitário que não poderia, de forma alguma, ser suprimido. Tocqueville afirmava que o referido processo incluiria em sua dinâmica a diversidade social que cada Estado possuía em seu seio e também as suas variações culturais[2]. Este pensamento, assim como o de outros pensadores, ajudou na constituição da democracia norte-americana.

O peso da afirmação de Tocqueville é importante para que seja ressaltada a necessidade da tomada de consciência política por parte da população brasileira. Sem entrar nas problemáticas do pensamento do autor, assim como nos desfechos e contradições que o mesmo teve na América do Norte, é de suma importância que nossas organizações sociais se apeguem ao eixo deste pensamento: uma sociedade realmente democrática só existirá se houver reconhecimento de sua diversidade.

Quando os grupos sociais, aqui existentes, tomarem para si o compromisso de se organizarem em comunidade, e ali evocarem conjuntamente suas lutas e explicitarem suas demandas, os entraves à participação popular começarão a ruir e levarão consigo gestores e legisladores; aqueles que se opõem ao desenvolvimento da democracia.

A globalização, nos moldes neoliberais, deu acesso aos seus benefícios à apenas uma minoria mundial. No Brasil, faz-se urgente (mesmo com avanços significativos) empreender melhorias no trato com a diversidade. É inconcebível que, em uma nação com mais de cento e noventa milhões de habitantes, ainda haja exclusão por aspectos sócio-culturais.  

Uma nação onde ainda apresenta grupos sociais que não se reconhecem como cidadãos, falha enquanto nação democrática. A nação é “mãe” e como mãe não pode segregar nenhum de seus filhos; ela deve trazê-los em seu regaço, promovê-los e edifica-los, para usufruírem dos bens que ela tem. Para tal, não bastam apenas políticas compensatórias, é necessário avançar e integrar desenvolvimento educacional e sócio-econômico com a criação de economias solidárias; partilha justa e a exterminação das setorizações políticas que prejudicam regiões inteiras.

Por fim, a democracia pensada na perspectiva de uma “Nova Sociedade” não pode conter entraves ao seu desenvolvimento. Um país democrático respeita a diversidade existente em seu interior e faz dela a força edificante de suas realizações.

Texto: Alisson Ferreira

[1] Alexis de Tocqueville foi um dos observadores mais argutos do fenómeno democrático e um dos críticos mais subtis da tradição política francesa - que contrastou com a inglesa e a americana.
[2] O processo compreenderia a sociedade americana e sua diversidade étnico-cultural: brancos, índios e negros.

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